Disposição dos instrumentos na orquestra sinfônica
A disposição dos músicos na orquestra pode varias bastante e depende de diversos factores: do número de músicos, do tamanho e forma do palco, do repertório. A escolha de uma solução está sempre, directa ou indirectamente relacionada com aspectos estéticos e acústicos. A mudança da posição dos músicos altera necessariamente o resultado sonoro devido a vários factores entre os quais um muito importante: as características direccionais de radiação dos instrumentos (veja secção 6.5).
A escolha da distribuição dos músicos e normalmente da responsabilidade do maestro, podendo haver grande disparidade nas opções. Nas suas deslocações com a Orquestra Filarmónica de Berlim, o maestro Wiljelm Furtwangler (1886-1954) mudava a disposição dos músicos em todas as salas em que actuava (Meyer, 1978). Defendendo um ponto de vista diametralmente oposto, muitos maestros optam por uma distribuição que consideram produzir o melhor resultado sonoro possível, mantendo-a sempre.
Na disposição dita alemã ou europeia, os dois naipes de violinos encontram-se em posições opostas: primeiros à esquerda do maestro e segundos à direita. Os violoncelos ficam praticamente em frente ao maestro, ao lado dos primeiros violinos, as violas ficam entre os segundos violinos e os violoncelos e os contrabaixos do lado esquerdo atrás dos primeiros violinos. Esta disposição surge inicialmentee na Orquestra de Mannheim (século18), mas só se generaliza na segunda metade do século 19 (Meyer, 1978).
O maestro inglês Henry Joseph Wood (1869 – 1944), sugeriu no princípio deste século o reordenamento da posição das cordas na orquestra. Da esquerda para a direita: primeiros violinos, segundos violinos, violas, violoncelos e contrabaixos correspondendo a um ordenamento de frequências do agudo ao grave. Nesta disposição os chefes de naipe ficam numa posição semelhante à de um quarteto de cordas. Os defensores desta configuração, conhecida como a disposição americana, argumentava que a proximidade dos primeiros e segundos violinos, violas e violoncelos é a mais adequada à maioria da escrita para orquestra. Embora este facto seja uma realidade, a razão histórica que levou à adopção desta ordenação parece estar relacionada com a influência das companhias de gravações estereofónicas de grandes orquestras, porque permitia definir melhor a separação de frequências: aguda à esquerda e graves à direita, (Eagle,, 1995). A nova disposição foi usada esporadicamente por outros maestro como é o caso de Thomas Beecham (1879-1961) e Leopold Stokowski (1882-1977) com a Orquestra de Filadélfia, mas só depois da Segunda Guerra Mundial se impôs na maioria os países.
Existem inúmeras passagens musicais que exploram o efeito espacial resultante de uma determinada disposição dos instrumentos. Para uma análise de alguns exemplos veja Meyer (1978) e Eargle (1995). Ambas as disposições, alemã e americana, têm vantagens e desvantagens, mas actualmente pouca.